sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nada em Tudo

Você reparou no título deste blogue? Não é por acaso que ele está aí.

Aliás, você já pensou sobre o nada?

Qual o significado que essa palavrinha tem para você?

Antes, deixo claro que o nada não é alguma coisa. Muito pelo contrário, o nada não é coisa nenhuma! Como diz Jean-Paul Sartre: O nada não é.

Sartre, autor de livros como O Ser e O Nada, afirma que todas as coisas existentes podem receber o nome de ser, obviamente porque são algo. Já as coisas que simplesmente não existem, Sartre chama de não-ser, exatamente por estas coisas nem mesmo serem coisas! Elas de fato não são coisa alguma, elas não existem. E nada significa justamente isto: inexistência.

O problema é que o entendimento usual de nada não tem muito a ver com a sua definição verdadeira, o senso-comum acabou confundindo o sentido de nada com o conceito físico de vácuo, que é o espaço completamente vazio.

Agora talvez você esteja intrigado, perguntando-se qual o cabimento de se tratar sobre nada; ainda mais havendo tantas coisas, existentes, para tomar o seu tempo de forma útil.

Basta ter um pouco de paciência e você vai entender a razão de um conceito como esse importar para sua vida prática, inclusive por ter seu valor reconhecido não somente por Sartre, mas também pelos muitos grandes gênios, desde os fundamentos da Filosofia e da Metafísica.

Mas e então? Entendeu o que é o nada? Ooops! Pergunto... Entendeu o que o nada não é? Pois bem, agora sim, posso me desafiar a aplicar este texto, cansativo e maçante, a você.

Nós estamos acostumados com a pessoa que somos e com o mundo ao nosso redor, o humano é naturalmente comodista, por isso tendemos todos a não questionar a vida de modo eficaz. Vivemos como se não fôssemos morrer! Vivemos ligados a valores materialistas, rejeitando o que é essencial.

É uma questão muito simples: Se existisse o "Tudo Absoluto", toda existência seria uma matéria bruta, infinita e infinitamente densa. Em outro extremo, se ocorresse o "Nada Absoluto", nem mesmo o espaço vazio existiria, aconteceria a mais perfeita ausência, a mais completa, a ausência até da ausência!

Para ser mais prático, sem o nada nós não estaríamos aqui... pois é o nada que dá a possibilidade da matéria se mover, já que o nada promove "ausências" entre os corpos de matéria, permitindo que esta matéria tenha espaço para se organizar.

(Será que alguém lê isto?)

Eu o estimulo a pesquisar sobre o assunto para compreendê-lo melhor, trata-se de buscar as respostas mais básicas sobre a sua própria razão de... ser.

Ironicamente, a inexistência tem importância fundamental para a existência de todas as coisas!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fracasso Linguístico

Fico pensando sobre a quantidade de postagens que apaguei. O que devo fazer? Deixar este blogue vagando pela Rede inutilmente? Não. Vou escrever. Assumo a minha mediocridade e escrevo este texto sem parar... sem pensar no que vou escrever, sem me preocupar mais com a repetição das palavras, com a pontuação correta, com a redação apropriada, com a estética do texto, nem mesmo com o que tenho a dizer.

Talvez este texto não passe de uma metalinguagem infrutífera, mas a mim hoje importa me expressar, simplesmente. Nada de dizer o que é de interesse público, nem me venha com essa de tratar de assuntos bem definidos. Quero escrever, escrever, escrever... Por necessidade, apenas. A forma do texto pouco importa. Nada será cortado, eu não estou a fim de dizer coisa alguma! Por isto a qualidade do texto pouco importa. Eu quero gritar, e é um grito tão alto, que se torna humanamente impossível, e difícil de compreender.

Por que eu existo? Por que existem todas essas coisas ao meu redor? Que interação é esta que acontece entre a realidade das coisas e o meu mundo interior? Quem sou eu? Não tenho respostas, talvez as tivesse, se quisesse parar para pensar, mas hoje quero escrever bobagens incessantemente, numa provocação confessa.

O grito? Sobre o desejo de gritar eu posso dizer que é o resultado de uma profunda frustração linguística. Queremos entender e dizer coisas, mas as palavras nos limitam e nos vemos desesperados, incomunicáveis. Quantas vezes tomei papel e caneta, pronto para escrever! Nada foi registrado no fim-das-contas. Eu olhava para a folha de papel e vinham pensamentos que não cabiam nas palavras, eu jogava a caneta pro lado, em cárcere. Que pensamentos eram esses?

Pensamentos dos quais me esqueço completamente quando não estou em tal transe. Talvez um dia eu decida escrever aqui sobre esses pensamentos... Neste espaço eu ouso ensaiar gritos, na tentativa de fazê-los audíveis, exprimir o que há de verdade dentro de mim, o que existe de legítimo no meu interior; e, as limitações da linguagem e da comunicação, pouco vão impedir.