quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Minha Luta Interior

"Mesmo para os descrentes há a pergunta duvidosa: e depois da morte? Mesmo para os descrentes há o instante de desespero: que Deus me ajude... Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que eu não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais." (Clarice Lispector)
Eu sou dois. Um ama a Deus, porque veio dEle. O outro busca as coisas da terra, porque é feito dela. Este segundo sabe que vai tornar para terra que o formou, mas nem quer pensar sobre isso. Aquele primeiro acredita que vai voltar para o Deus que lhe deu a vida, no entanto se vê perdido num mundo inteiro de exílio faminto. Um que morre, desolado. O outro que ataca, ávido, toda a seiva da sua terra, e vive. Um é o meu espírito. O outro é o meu corpo. Os dois, juntos, são o meu eu-conflito.
E vem a morte, todos os dias, ceifando milhares. Como é difícil pensar na minha vez! Não pelo fato em si, porque morrer passa, mas pelo depois. Meu corpo vai ser enterrado e se decompor, até desaparecer, do mesmo modo que a minha história vai ser esquecida, e nenhum da posteridade vai fazer menção de mim. O que será, então, do meu espírito? Importa a possível eternidade, já que a vida é passageira!
Eu me rendo a Deus, me gloriando com os elogios de louco que recebo daqueles que estão vivendo com um corpo robusto, mas com um espírito que clama por não definhar até à morte.
Venha, Deus, venha antes que seja tarde demais.
E a vida vai passar... Os céus e a Terra vão passar, mas as Palavras de Deus não. Elas são eternas, assim como é eterno o meu espírito em Deus.
Deus é real pra mim, eu posso experimentá-lO.
Agora, por exemplo, Ele prontamente atendeu ao meu chamado urgente, e veio. Ele veio e eu quero me achegar mais a Ele. Confesso: Em princípio para saber aonde vou depois de morrer, mas é bem verdade que a Beleza de Jesus Cristo é maior que a vida e o Seu Perfume me atrai!
Não sei o que sou. Se crente ou descrente, mas sei que eu desejo ser amigo íntimo de Deus. Muita pretensão minha? Seria, se Ele não quisesse ser meu amigo íntimo também, mas Ele quer.
"Jesus, quero ficar contigo,
eu quero ser seu amigo...
Quero comer no teu prato,
Calçar os meus pés nos teus sapatos...
E arrastar...
Jesus, eu quero muito você...
Pegar tuas sandálias e esconder...
Esconder pra você não sair,
pois quero estar perto de ti...
Te abraçar...
Eu quero deitar no teu colo...
Te contar tudo, tudo que eu sei...
Descansar recostado ao teu peito,
ouvindo o teu coração...
E me acalmar...
Jesus, quero vestir sua camisa...
Com as mangas maiores que meus braços...
Correr pela casa ao teu encontro...
Me abandonar no teu abraço...
Te abraçar..."
(Intimidade, música cantada por Nívea Soares em participação especial no álbum Presença da Glória, do ministério Santa Geração.)
E a minha luta interior não termina, mas agora o espírito vence, tocado pelo Senhor. Até quando?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A Função do Infinito

Eu não sei escrever, por isso questiono os meus textos anteriores e sinto a necessidade de reforçar algumas definições para tornar compreensível o prosseguimento deste estudo sobre o nada, que é ao mesmo tempo e consequentemente uma investigação de tudo.
Para comprender esta explanação de forma eficaz, embora já seja ela sucinta, você precisa ter interesse pelo desconhecido, porque não é fácil se manter atento ao que parece indefrontável.
Arrisco adaptar uma dica que sempre me foi importante na interpretação de mensagens novas: Não crie expectativas sobre o texto, deixe a sua mente livre para apreender o seu conteúdo original, na forma como o autor idealizou que você assimilasse, pois os preconceitos que nós formamos inconscientemente acerca do escrito modificam o nosso entendimento sobre ele.
Passo a explicar, então, o que significa o nada absoluto, a base para se compreender a função do infinito.
O primeiro problema do nada está na sua definição, pois somos acostumados a perguntar "o que é isso?" ou "o que é aquilo?", sempre usando o verbo "ser". Mas a maior particularidade do nada consiste exatamente em não ser coisa alguma, então interrogar sobre "o que o nada é" já desmonta o seu conceito original, porque simplesmente o nada não é. Assim já se resolve o problema da coisificação do nada. O nada não é coisa nenhuma, portanto que nunca se pergunte "o que é o nada?".
Nada significa não-existência ou ausência de algo que poderia existir. Absoluto significa total, completo, de amplitude ilimitada e perfeita. Nada absoluto significa não-existência, de coisa nenhuma, em lugar nenhum, em tempo nenhum.
Devo insistir: Não sobra espaço vazio, não resta o lugar onde as coisas estavam. Lugar também é coisa, e nenhuma coisa existiria mais, caso pudesse acontecer o nada absoluto.
Mas as coisas existem e não desaparecem. Acontece o nada em toda parte, sobre todo lugar paira ausência. No entanto, mesmo que houvessem fenômenos físicos que desintegrassem toda a matéria, o espaço-base do universo permaneceria. Se ainda perseverássemos, se anularia o espaço-base do universo, porém o lugar do extinto espaço-base continuaria existindo e assim de forma sucessiva. De modo que podemos afirmar o seguinte: o universo se sustenta através da impossibilidade de o nada absoluto ocorrer.
A impossibilidade do nada absoluto faz com que a existência se "reponha" constante e permanentemente. Conhecendo isto, podemos dizer de modo simplificado que o tempo é a "reposição" constante de existência.
Inclusive, não se pode admitir que a existência tenha um limite, pois seria contraditório. Como já supunham os filósofos: "Se alcançássemos o limite da existência e atirássemos uma pedra na sua direção, onde cairia a pedra?". Além desse "limite" não pode acontecer o nada absoluto, a "pedra" continua o seu percurso na direção em que foi atirada, sempre. Ou haveria uma parede-limite onde a pedra bateria e voltaria para aquém? E depois da parede-limite, o que há? Eis a necessidade de existir um depois, eternamente.
O que tem a função de sustentar a continuidade do depois e estabilizar a existência é o infinito.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Suprema Dádiva

O tempo não passa rápido ou devagar, nós é que nos distraímos mais ou menos. Os idiotas vivem como se não fossem morrer, os outros existem meio-mortos. O segredo da vida é que ela não tem segredo nenhum, precisamos aceitar como natural o que é confuso e festejar com samba de domingo tudo o que é tristeza. Estas frases não estão soltas, existem sarcasmos e suspiros de dor que as conectam. Eu quero ser um completo idiota, assim serei dono do tempo e da curta vida que me foi dada!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os Conselhos do Fracassado

Dizem que nós sabemos ensinar melhor aquilo que mais precisamos aprender. Os nossos fracassos nos humilham e, quando não somos indiferentes a isto, aprendemos coisas importantes. Nem sempre essas lições que extraímos são suficientes para nos fazer reagir e mudar de atitude, acertando. Isto acontece porque o fracasso pode acabar com as nossas forças, então ficamos imobilizados e deprimidos. Mas nada disto nos deixa incapazes de mostrar o caminho do êxito para o outro.
Nós que, fracassados, sofremos tanto sem saber como mudar o nosso quadro ficamos naturalmente treinados contra a dor que experimentamos, visto que instintivamente somos conduzidos pelo estresse e pela ansiedade a descobrir atalhos que nos conduzam à águas menos intranquilas. No entanto, nem sempre as vias que encontramos nos servem, pois geralmente a nossa situação de fracasso é agravada pela depressão que a envolve e não somos capazes de transformar a nossa condição, ao contrário, a vemos piorar e acabamos sofrendo mais; porém aprendendo a ponto de saber, ainda que frustrados, ensinar ao outro os segredos do sucesso (malditos os chichês).
O problema maior está na credibilidade do fracassado. Nem sempre as pessoas compreendem a propriedade que ele possui para ensinar, e questionam: "Se ele sabe tanto, por que não deu certo com ele?" e, assim, acabam indiferentes aos grandes ensinamentos que um fracassado pode transmitir, porque não entendem que foram exatamente as pressões do fracasso que o tornaram um apto conselheiro.
Termino com a frase do começo: "Nós melhor ensinamos o que mais precisamos aprender".

domingo, 4 de maio de 2008

Manhã de Domingo no Recife

A vontade é de cair nas águas mornas do alegre mar pernambucano, o céu azul faz um convite à liberdade e tudo está dourado lá fora. O calor estimulante, os cirros claros e o sol ávido permitem a certeza de que a cidade das pontes e do rio ainda é a mesma.
Sobre esta cidade o poeta disse: "nenhumas são como ela!".
Eu gosto do cheiro de mangue trazido à minha casa pelo vento. Deitado na rede, eu escuto os ruídos misteriosos dos cais. O Recife é poesia em expressões físicas de chão quente, ruas desertas, trinar de pássaros e sons das folhas de papel que se vão arrastadas, lixo esquecido pelas pessoas que amanhã virão dar ao mesmo lugar a ambientação rediviva da segunda-feira recifense.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Êxtase Musical

A linguagem tem o poder de tranformar a realidade. A comunicação humana é o maior exemplo deste poder, porque através do uso das palavras as pessoas podem compreender umas as outras e, conforme esta compreensão, reorientar a sua forma de interagir com o ambiente.
A música é uma linguagem. Ela é capaz de reinventar a realidade, de acordo com as informações musicais transmitidas pelas suas melodias, harmonias e ritmos. As pessoas mais afins com a linguagem musical são capazes de alcançar um êxtase indescritível, pois a música é a linguagem dos sentimentos.
Mas nem todos podem experimentar o gozo musical. Há, por exemplo, uma deficiência mental rara, conhecida como amusia, que impede os seus portadores de compreender uma música, pois não conseguem discernir as consonâncias e dissonâncias presentes nas harmonias, acompanhar o tempo dos ritmos, nem têm senso estético musical para perceber a beleza das melodias. Para essas pessoas o mundo dos sons é somente um emaranhado de timbres sem nenhum significado emocional.
Por que nós fomos criados capazes de interpretar a linguagem dos sons?
Existem muitos mistérios envolvendo a temática da linguagem musical, trata-se de um assunto ainda pouco aprofundado pelos estudiosos e, muito menos, esgotado. Existe muito a ser pesquisado neste campo, mas sobre algo já não se permite dúvida: A Música é uma arte sublime, inefável!