quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Solidão do Blogue

Tento assim bem curto
Se escrevo longamente
ninguém lê

domingo, 15 de junho de 2008

O Amor Urgente

Ainda não neste, mas num dos próximos textos vou fazer uma explanação metafísica pertinente sobre a questão do amor. Vou tentar explicar a origem do amor e qual a função dele, com base nos conceitos relativos ao nada, ou seja, de acordo com as idéias fundamentais sobre a origem da existência. Filosofia pura, por isso procure no Arquivo o texto A Função do Infinito e leia, é importante para compreender bem o texto que virá.
Mas por que num texto futuro e não agora? Porque é bem mais urgente a prática do amor, do que a teorização dele. É bem mais importante eu lhe dar um abraço caloroso do que lhe explicar as minhas teorias existencialistas.

Eu passeio entre os milhares de livros da biblioteca e calculo, sei que durante toda a minha vida eu não chegaria a ler nem mesmo 1% de todos eles. Eu sempre quis saber como tudo começou e pra que tudo isso! Mas não tenho dúvidas de que amar é o essencial. É verdade que eu tenho uma idéia interessante sobre a relação entre o amor e a origem do Universo, mas eu tenho antes de mais nada um prazo que limita a minha existência física, eu vou morrer um dia, no mais tardar aos 60 ou 80 anos, por isso amar é urgente. Todo conhecimento vai se desfazer e perder o sentido um dia, os livros vão virar pó e, mesmo digitalizados, eles vão passar. Porque, exceto o motorista e o cobrador, tudo é passageiro nessa vida! Tudo passa, até a uva passa... (Mal posso acreditar que fui capaz de dizer tamanha asneira... kkkkkkk.)
O amor não é como o conhecimento, o amor nunca acaba, no texto posterior eu vou tentar explicar por quê. Faça todo o bem que você puder, rejeite as suas inclinações para o mal e tenha atitudes de quem ama. O amor não busca os próprios interesses, o amor sofre em função do outro, é paciente e bondoso, suporta todas as coisas por alguém, o amor não é ciumento, nem arrogante, nem orgulhoso, nem tampouco rude. O amor não se porta com indecência! Se você amar uma pessoa, vai ser leal com ela, custe o que custar. Você sempre vai acreditar em quem você ama, esperando dele o melhor. Quando você ama alguém, sempre se mantém em defesa dele.

Muito a dizer. Cachoeiras de sentimentos fluem dentro de mim como correntezas de fogo em vez de água. Eu queimo. Ardo em chamas, que também são de amor, amor por Deus, pela minha família, pelos que eu admiro, pelos meus amigos, pelos que sofrem, pelos que nem conheço!

Beije e abrace os seus parentes, mas também os que são somente conhecidos. Se tiver inibições, vença-as, seja forte. É preciso amar e ser solidário com todos. Faça alguma coisa imediatamente, comece primeiro a fazer algo dentro de você, porque amar é uma disposição de espírito. Um simples ato de cortesia pode revelar um amor muito poderoso e transformar histórias.

Planeje e implemente um projeto de amor em sua comunidade, isto é fundamental e você nunca se perderá da essência do existir.

Deus é amor.

domingo, 8 de junho de 2008

O Medo Causado pela Inteligência do Outro








Nelson Rodrigues

Artigo de José Roberto Gueiros publicado no extinto Jornal da Bahia, em 23 de setembro de 1979:
"Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal:

'Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável. Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta.'

E ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pode dar ao pupilo que se inicia numa carreira difícil. A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência. Isso na Inglaterra. Imaginem aqui no Brasil...

Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa:

'Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma Ciência.'

Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder.
Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar.

Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do 'Elogio da Loucura', de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir de burra se quiser vencer na vida. É pecado fazer sombra a alguém até numa conversa social.

Assim como um grupo de senhoras burguesas, bem casadas, boicota automaticamente a entrada de uma jovem mulher bonita no seu círculo de convivência, por medo de perder seus maridos, também os encastelados medíocres se fecham como ostras à simples aparição de um talentoso jovem que os possa ameaçar. Eles conhecem bem suas limitações, sabem como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam com uma perna nas costas, enfim, na medida em que admiram a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres os repudiam para se defender.

É um paradoxo angustiante. Infelizmente temos de viver segundo essas regras absurdas que transformam a inteligência numa espécie de desvantagem perante a vida.

Como é sábio o velho conselho de Nelson Rodrigues:

'Finge-te de idiota e terás o céu e a terra.'

O problema é que os inteligentes brilham sem perceber, sendo assim, que Deus os proteja!"

terça-feira, 3 de junho de 2008

A Ira do Homossexual Dissimulado

"O indivíduo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou não expressas. Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção de e a reação às experiências que o desencadearam.
Um caso específico é sentir ansiedade sem tomar conhecimento da causa. A ansiedade aparece quando uma experiência que ocorreu, se admitida na consciência, poderia ameaçar a auto-imagem. A reação inconsciente a estas subcepções alerta o organismo para possíveis perigos e acarreta mudanças psicofisiológicas. Estas reações defensivas são uma forma do organismo manter crenças e comportamentos incongruentes. Uma pessoa pode agir com base nestas subcepções sem tomar consciência do porquê está agindo assim. Por exemplo, um homem pode sentir-se desconfortável ao ver homossexuais declarados. A informação que tem de si mesmo incluiria o desconforto, mas não mencionaria sua causa. Ele não poderia admitir seu próprio interesse, sua identidade sexual não resolvida, ou talvez as expectativas e medos que tem a respeito de sua própria sexualidade. Distorcendo suas percepções ele pode, em compensação, reagir com hostilidade aberta a homossexuais, tratando-os como uma eterna ameaça ao invés de admitir seu conflito interno."
(Somente o título meu. Todo o texto transcrito do livro Teorias da Personalidade, de James Fadiman e Robert Frager, em seu capítulo sobre Carl Rogers, explicando o pensamento deste, num tópico sobre as emoções, na página 234.)

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Minha Luta Interior

"Mesmo para os descrentes há a pergunta duvidosa: e depois da morte? Mesmo para os descrentes há o instante de desespero: que Deus me ajude... Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que eu não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais." (Clarice Lispector)
Eu sou dois. Um ama a Deus, porque veio dEle. O outro busca as coisas da terra, porque é feito dela. Este segundo sabe que vai tornar para terra que o formou, mas nem quer pensar sobre isso. Aquele primeiro acredita que vai voltar para o Deus que lhe deu a vida, no entanto se vê perdido num mundo inteiro de exílio faminto. Um que morre, desolado. O outro que ataca, ávido, toda a seiva da sua terra, e vive. Um é o meu espírito. O outro é o meu corpo. Os dois, juntos, são o meu eu-conflito.
E vem a morte, todos os dias, ceifando milhares. Como é difícil pensar na minha vez! Não pelo fato em si, porque morrer passa, mas pelo depois. Meu corpo vai ser enterrado e se decompor, até desaparecer, do mesmo modo que a minha história vai ser esquecida, e nenhum da posteridade vai fazer menção de mim. O que será, então, do meu espírito? Importa a possível eternidade, já que a vida é passageira!
Eu me rendo a Deus, me gloriando com os elogios de louco que recebo daqueles que estão vivendo com um corpo robusto, mas com um espírito que clama por não definhar até à morte.
Venha, Deus, venha antes que seja tarde demais.
E a vida vai passar... Os céus e a Terra vão passar, mas as Palavras de Deus não. Elas são eternas, assim como é eterno o meu espírito em Deus.
Deus é real pra mim, eu posso experimentá-lO.
Agora, por exemplo, Ele prontamente atendeu ao meu chamado urgente, e veio. Ele veio e eu quero me achegar mais a Ele. Confesso: Em princípio para saber aonde vou depois de morrer, mas é bem verdade que a Beleza de Jesus Cristo é maior que a vida e o Seu Perfume me atrai!
Não sei o que sou. Se crente ou descrente, mas sei que eu desejo ser amigo íntimo de Deus. Muita pretensão minha? Seria, se Ele não quisesse ser meu amigo íntimo também, mas Ele quer.
"Jesus, quero ficar contigo,
eu quero ser seu amigo...
Quero comer no teu prato,
Calçar os meus pés nos teus sapatos...
E arrastar...
Jesus, eu quero muito você...
Pegar tuas sandálias e esconder...
Esconder pra você não sair,
pois quero estar perto de ti...
Te abraçar...
Eu quero deitar no teu colo...
Te contar tudo, tudo que eu sei...
Descansar recostado ao teu peito,
ouvindo o teu coração...
E me acalmar...
Jesus, quero vestir sua camisa...
Com as mangas maiores que meus braços...
Correr pela casa ao teu encontro...
Me abandonar no teu abraço...
Te abraçar..."
(Intimidade, música cantada por Nívea Soares em participação especial no álbum Presença da Glória, do ministério Santa Geração.)
E a minha luta interior não termina, mas agora o espírito vence, tocado pelo Senhor. Até quando?

sexta-feira, 16 de maio de 2008

A Função do Infinito

Eu não sei escrever, por isso questiono os meus textos anteriores e sinto a necessidade de reforçar algumas definições para tornar compreensível o prosseguimento deste estudo sobre o nada, que é ao mesmo tempo e consequentemente uma investigação de tudo.
Para comprender esta explanação de forma eficaz, embora já seja ela sucinta, você precisa ter interesse pelo desconhecido, porque não é fácil se manter atento ao que parece indefrontável.
Arrisco adaptar uma dica que sempre me foi importante na interpretação de mensagens novas: Não crie expectativas sobre o texto, deixe a sua mente livre para apreender o seu conteúdo original, na forma como o autor idealizou que você assimilasse, pois os preconceitos que nós formamos inconscientemente acerca do escrito modificam o nosso entendimento sobre ele.
Passo a explicar, então, o que significa o nada absoluto, a base para se compreender a função do infinito.
O primeiro problema do nada está na sua definição, pois somos acostumados a perguntar "o que é isso?" ou "o que é aquilo?", sempre usando o verbo "ser". Mas a maior particularidade do nada consiste exatamente em não ser coisa alguma, então interrogar sobre "o que o nada é" já desmonta o seu conceito original, porque simplesmente o nada não é. Assim já se resolve o problema da coisificação do nada. O nada não é coisa nenhuma, portanto que nunca se pergunte "o que é o nada?".
Nada significa não-existência ou ausência de algo que poderia existir. Absoluto significa total, completo, de amplitude ilimitada e perfeita. Nada absoluto significa não-existência, de coisa nenhuma, em lugar nenhum, em tempo nenhum.
Devo insistir: Não sobra espaço vazio, não resta o lugar onde as coisas estavam. Lugar também é coisa, e nenhuma coisa existiria mais, caso pudesse acontecer o nada absoluto.
Mas as coisas existem e não desaparecem. Acontece o nada em toda parte, sobre todo lugar paira ausência. No entanto, mesmo que houvessem fenômenos físicos que desintegrassem toda a matéria, o espaço-base do universo permaneceria. Se ainda perseverássemos, se anularia o espaço-base do universo, porém o lugar do extinto espaço-base continuaria existindo e assim de forma sucessiva. De modo que podemos afirmar o seguinte: o universo se sustenta através da impossibilidade de o nada absoluto ocorrer.
A impossibilidade do nada absoluto faz com que a existência se "reponha" constante e permanentemente. Conhecendo isto, podemos dizer de modo simplificado que o tempo é a "reposição" constante de existência.
Inclusive, não se pode admitir que a existência tenha um limite, pois seria contraditório. Como já supunham os filósofos: "Se alcançássemos o limite da existência e atirássemos uma pedra na sua direção, onde cairia a pedra?". Além desse "limite" não pode acontecer o nada absoluto, a "pedra" continua o seu percurso na direção em que foi atirada, sempre. Ou haveria uma parede-limite onde a pedra bateria e voltaria para aquém? E depois da parede-limite, o que há? Eis a necessidade de existir um depois, eternamente.
O que tem a função de sustentar a continuidade do depois e estabilizar a existência é o infinito.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Suprema Dádiva

O tempo não passa rápido ou devagar, nós é que nos distraímos mais ou menos. Os idiotas vivem como se não fossem morrer, os outros existem meio-mortos. O segredo da vida é que ela não tem segredo nenhum, precisamos aceitar como natural o que é confuso e festejar com samba de domingo tudo o que é tristeza. Estas frases não estão soltas, existem sarcasmos e suspiros de dor que as conectam. Eu quero ser um completo idiota, assim serei dono do tempo e da curta vida que me foi dada!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os Conselhos do Fracassado

Dizem que nós sabemos ensinar melhor aquilo que mais precisamos aprender. Os nossos fracassos nos humilham e, quando não somos indiferentes a isto, aprendemos coisas importantes. Nem sempre essas lições que extraímos são suficientes para nos fazer reagir e mudar de atitude, acertando. Isto acontece porque o fracasso pode acabar com as nossas forças, então ficamos imobilizados e deprimidos. Mas nada disto nos deixa incapazes de mostrar o caminho do êxito para o outro.
Nós que, fracassados, sofremos tanto sem saber como mudar o nosso quadro ficamos naturalmente treinados contra a dor que experimentamos, visto que instintivamente somos conduzidos pelo estresse e pela ansiedade a descobrir atalhos que nos conduzam à águas menos intranquilas. No entanto, nem sempre as vias que encontramos nos servem, pois geralmente a nossa situação de fracasso é agravada pela depressão que a envolve e não somos capazes de transformar a nossa condição, ao contrário, a vemos piorar e acabamos sofrendo mais; porém aprendendo a ponto de saber, ainda que frustrados, ensinar ao outro os segredos do sucesso (malditos os chichês).
O problema maior está na credibilidade do fracassado. Nem sempre as pessoas compreendem a propriedade que ele possui para ensinar, e questionam: "Se ele sabe tanto, por que não deu certo com ele?" e, assim, acabam indiferentes aos grandes ensinamentos que um fracassado pode transmitir, porque não entendem que foram exatamente as pressões do fracasso que o tornaram um apto conselheiro.
Termino com a frase do começo: "Nós melhor ensinamos o que mais precisamos aprender".

domingo, 4 de maio de 2008

Manhã de Domingo no Recife

A vontade é de cair nas águas mornas do alegre mar pernambucano, o céu azul faz um convite à liberdade e tudo está dourado lá fora. O calor estimulante, os cirros claros e o sol ávido permitem a certeza de que a cidade das pontes e do rio ainda é a mesma.
Sobre esta cidade o poeta disse: "nenhumas são como ela!".
Eu gosto do cheiro de mangue trazido à minha casa pelo vento. Deitado na rede, eu escuto os ruídos misteriosos dos cais. O Recife é poesia em expressões físicas de chão quente, ruas desertas, trinar de pássaros e sons das folhas de papel que se vão arrastadas, lixo esquecido pelas pessoas que amanhã virão dar ao mesmo lugar a ambientação rediviva da segunda-feira recifense.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

O Êxtase Musical

A linguagem tem o poder de tranformar a realidade. A comunicação humana é o maior exemplo deste poder, porque através do uso das palavras as pessoas podem compreender umas as outras e, conforme esta compreensão, reorientar a sua forma de interagir com o ambiente.
A música é uma linguagem. Ela é capaz de reinventar a realidade, de acordo com as informações musicais transmitidas pelas suas melodias, harmonias e ritmos. As pessoas mais afins com a linguagem musical são capazes de alcançar um êxtase indescritível, pois a música é a linguagem dos sentimentos.
Mas nem todos podem experimentar o gozo musical. Há, por exemplo, uma deficiência mental rara, conhecida como amusia, que impede os seus portadores de compreender uma música, pois não conseguem discernir as consonâncias e dissonâncias presentes nas harmonias, acompanhar o tempo dos ritmos, nem têm senso estético musical para perceber a beleza das melodias. Para essas pessoas o mundo dos sons é somente um emaranhado de timbres sem nenhum significado emocional.
Por que nós fomos criados capazes de interpretar a linguagem dos sons?
Existem muitos mistérios envolvendo a temática da linguagem musical, trata-se de um assunto ainda pouco aprofundado pelos estudiosos e, muito menos, esgotado. Existe muito a ser pesquisado neste campo, mas sobre algo já não se permite dúvida: A Música é uma arte sublime, inefável!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Desculpa Esfarrapada

Eu só escrevo quando começo a salivar e a minha cabeça dói. Para mim só vale o texto vomitado depois de muitos arrepios. Cada palavra dita com o desespero manso de quem é sarcástico sem ser corajoso.

segunda-feira, 10 de março de 2008

O Nada Absoluto

O acontecimento do nada é co-habitante de toda a existência, tudo é lugar para nada. Ou seja, qualquer coisa que existe pode ter consigo uma determinada existência e, esta existência, quando ausente, causa o nada.

Falar de nada como ausência é relativamente simples, complexo mesmo é o conceito de nada absoluto. É fácil pensar que algo poderia existir num tal espaço mas, por não existir, nada é. Difícil é imaginar a ausência absoluta de existência.

Se todas as coisas desaparecessem e somente o espaço restasse, ainda não aconteceria o nada absoluto, já que o espaço constitui existência. Seria necessário também o espaço desaparecer e não existir mais coisa alguma em lugar algum, aí sim: Nada absoluto.

terça-feira, 4 de março de 2008

O Nada Impossível

O nada está em todo lugar.

Bem, retifico, é claro que o nada não está em todo lugar, pois o nada é inexistência e, algo inexistente, não pode estar em lugar algum, simplesmente porque não existe.

Então eu refaço a frase, mesmo que soe estranho: O nada não está em todo lugar. Ou seja, o nada, na verdade, "acontece" o tempo inteiro em todos os lugares.

Olhe para a palma da sua mão, vazia. Existe uma caneta sobre ela? De modo nenhum. Essa caneta, que eu criei na imaginação, não existe sobre a sua palma, ela é ausente.

Nada também é ausência.

A referida caneta, que poderia estar na sua mão, não está porque essa caneta não existe. Assim, podemos dizer que o nada "acontece" sobre a sua mão, que o nada "está" ali, em forma de ausência. Este é o nada possível, o nada que "acontece", sim.

Mas nem sempre o nada é possível. No caso da sua própria mão, o nada "estava" ali porque havia a sua mão, que foi o lugar onde a inexistência pôde "ocorrer".

E quando não existe um lugar pra que o nada "aconteça"? Neste caso, o nada se torna impossível! Pois não há espaço pra que a ausência se realize. A caneta que não estava na sua mão, "era" nada, mas dependia da sua mão pra "ser" nada. Obviamente, é preciso que haja um lugar pra que, nele, ocorra uma ausência. Foi necessário o suporte da palma da sua mão pra que, nela, a possível presença da caneta se fizesse ausência perfeita.

Ou, como pode algo estar ausente de lugar nenhum?

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nada em Tudo

Você reparou no título deste blogue? Não é por acaso que ele está aí.

Aliás, você já pensou sobre o nada?

Qual o significado que essa palavrinha tem para você?

Antes, deixo claro que o nada não é alguma coisa. Muito pelo contrário, o nada não é coisa nenhuma! Como diz Jean-Paul Sartre: O nada não é.

Sartre, autor de livros como O Ser e O Nada, afirma que todas as coisas existentes podem receber o nome de ser, obviamente porque são algo. Já as coisas que simplesmente não existem, Sartre chama de não-ser, exatamente por estas coisas nem mesmo serem coisas! Elas de fato não são coisa alguma, elas não existem. E nada significa justamente isto: inexistência.

O problema é que o entendimento usual de nada não tem muito a ver com a sua definição verdadeira, o senso-comum acabou confundindo o sentido de nada com o conceito físico de vácuo, que é o espaço completamente vazio.

Agora talvez você esteja intrigado, perguntando-se qual o cabimento de se tratar sobre nada; ainda mais havendo tantas coisas, existentes, para tomar o seu tempo de forma útil.

Basta ter um pouco de paciência e você vai entender a razão de um conceito como esse importar para sua vida prática, inclusive por ter seu valor reconhecido não somente por Sartre, mas também pelos muitos grandes gênios, desde os fundamentos da Filosofia e da Metafísica.

Mas e então? Entendeu o que é o nada? Ooops! Pergunto... Entendeu o que o nada não é? Pois bem, agora sim, posso me desafiar a aplicar este texto, cansativo e maçante, a você.

Nós estamos acostumados com a pessoa que somos e com o mundo ao nosso redor, o humano é naturalmente comodista, por isso tendemos todos a não questionar a vida de modo eficaz. Vivemos como se não fôssemos morrer! Vivemos ligados a valores materialistas, rejeitando o que é essencial.

É uma questão muito simples: Se existisse o "Tudo Absoluto", toda existência seria uma matéria bruta, infinita e infinitamente densa. Em outro extremo, se ocorresse o "Nada Absoluto", nem mesmo o espaço vazio existiria, aconteceria a mais perfeita ausência, a mais completa, a ausência até da ausência!

Para ser mais prático, sem o nada nós não estaríamos aqui... pois é o nada que dá a possibilidade da matéria se mover, já que o nada promove "ausências" entre os corpos de matéria, permitindo que esta matéria tenha espaço para se organizar.

(Será que alguém lê isto?)

Eu o estimulo a pesquisar sobre o assunto para compreendê-lo melhor, trata-se de buscar as respostas mais básicas sobre a sua própria razão de... ser.

Ironicamente, a inexistência tem importância fundamental para a existência de todas as coisas!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fracasso Linguístico

Fico pensando sobre a quantidade de postagens que apaguei. O que devo fazer? Deixar este blogue vagando pela Rede inutilmente? Não. Vou escrever. Assumo a minha mediocridade e escrevo este texto sem parar... sem pensar no que vou escrever, sem me preocupar mais com a repetição das palavras, com a pontuação correta, com a redação apropriada, com a estética do texto, nem mesmo com o que tenho a dizer.

Talvez este texto não passe de uma metalinguagem infrutífera, mas a mim hoje importa me expressar, simplesmente. Nada de dizer o que é de interesse público, nem me venha com essa de tratar de assuntos bem definidos. Quero escrever, escrever, escrever... Por necessidade, apenas. A forma do texto pouco importa. Nada será cortado, eu não estou a fim de dizer coisa alguma! Por isto a qualidade do texto pouco importa. Eu quero gritar, e é um grito tão alto, que se torna humanamente impossível, e difícil de compreender.

Por que eu existo? Por que existem todas essas coisas ao meu redor? Que interação é esta que acontece entre a realidade das coisas e o meu mundo interior? Quem sou eu? Não tenho respostas, talvez as tivesse, se quisesse parar para pensar, mas hoje quero escrever bobagens incessantemente, numa provocação confessa.

O grito? Sobre o desejo de gritar eu posso dizer que é o resultado de uma profunda frustração linguística. Queremos entender e dizer coisas, mas as palavras nos limitam e nos vemos desesperados, incomunicáveis. Quantas vezes tomei papel e caneta, pronto para escrever! Nada foi registrado no fim-das-contas. Eu olhava para a folha de papel e vinham pensamentos que não cabiam nas palavras, eu jogava a caneta pro lado, em cárcere. Que pensamentos eram esses?

Pensamentos dos quais me esqueço completamente quando não estou em tal transe. Talvez um dia eu decida escrever aqui sobre esses pensamentos... Neste espaço eu ouso ensaiar gritos, na tentativa de fazê-los audíveis, exprimir o que há de verdade dentro de mim, o que existe de legítimo no meu interior; e, as limitações da linguagem e da comunicação, pouco vão impedir.